O Valor do Perdão

Quando alguém me ofende, me magoa ou agride não é a pessoa que o faz mas sim eu que me disponho a aceitar e a receber a energia dessas palavras e atos. Sou eu que autorizo e permito a entrada dessa energia em minha casa, no meu corpo, fechando-me há minha natureza divina e identificando-me com o significado que dei a essas palavras e com a imagem que entretanto criei na minha mente e que irá ser ampliada por ela de forma a ganhar força, dimensão e levar-me a ativar, alimentar, perpetuar (por momentos) o meu inconsciente, a minha ferida, a minha dor. Não é a pessoa que me ofende sou eu que aceito e dou significado às suas palavras e me permito ficar cega ao ponto de me deixar magoar ou activar uma dor que já lá estava.  

A primeira coisa que devemos fazer por nós quando sentimos a vibração e a energia da agressão é observar em que parte do corpo estamos a começar a reagir (ficando tensos, apertados, fechados, embrulhados com um nó, a latejar, acelerados, etc…) depois de observar as sensações físicas podemo-nos abrir a algumas possibilidades:

  1. A primeira e mais difícil é aprender a não dar significado às palavras e à intenção do outro esperando que as sensações físicas do corpo passem. Este método requer uma grande prática e atenção no sentido de não nos identificarmos com os nossos pensamentos e nos mantermos observadores isentos, livres e interessados na observação dos fenómenos físicos do nosso corpo. Existe um provérbio português que diz “Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe”. Esta é a lei universal da impermanência. Por isso, esperar que passe, é darmos a nós próprios o presente de deixar emergir a nossa natureza divina, não nos transformarmos no que não somos e não nos deixarmos possuir pelos nossos pensamentos.
  2. Em alternativa e na impossibilidade de ter êxito na primeira opção, será útil perguntarmo-nos que parte de nós atraiu esta experiência e com que intenção? Quando alguém me agride ou magoa, a responsabilidade passa a ser minha porque é a mim que dói. A questão principal é perguntar que parte de mim precisa desta experiência e precisa desta energia para se alimentar. Uma boa discussão muitas vezes faz as delícias do nosso inconsciente porque ele passa a ter alimento para perpetuar a sua combustão interna.
  3. O mais importante, a partir do momento em que consigamos identificar essa parte de nós, é aprender a Amá-la profundamente e a dar-lhe toda a atenção que precisa. Por exemplo: se uma pessoa me ignora e me faz sentir rejeitada através do que diz, deverei procurar entender que o que sinto é meu, está em mim, faz parte do meu mundo interno e de memórias vividas onde por alguma razão me rejeitei a mim própria, não me inclui e não me senti no direito a pertencer. Deverei procurar começar a Amar essa parte de mim que rejeitei e trazê-la de novo à minha vida, sentir por ela uma profunda compaixão e vontade de integração. Um SIM profundo! Só nós próprios nos podemos dar o que nos faz falta!
  4. Por fim, a dimensão da agressão que vem do outro depende também da nossa lucidez em observar o grau de cegueira que a outra pessoa tem. Conseguir manter-nos observadores é também conseguir olhar para o outro e observar o campo energético em que vibra. Aceitar que a outra pessoa não está bem, está seguramente num vazio de Amor para estar tão zangada e tão agressiva e que não temos que nos identificar nem dar significado às palavras que são proferidas por alguém que não está em si! Esta é a razão pela qual é muito mais fácil perdoar uma criança porque sabemos que ela poderá estar zangada, magoada, frustrada, cega no seu corpo emocional e ainda não tem consciência para lidar com a dimensão do seu mundo emocional. Compreendemos que não faz por mal e que o faz para descarregar. Quando essa compreensão existe estamos perante um momento de profunda compaixão. Se for necessário até sorrimos para a criança e lhe damos colo.

Por isso é muito mais fácil perdoar uma criança a um adulto que nos ofenda ou agrida porque a nossa natureza tem um grau de condescendência e compaixão para com uma criança que não estamos habituados a desenvolver com os adultos e connosco próprios! A verdade é que o grau de ignorância é muitas vezes o mesmo.

Viver em Amor é cumprir com o nosso propósito de realização.

MARIA GORJÃO HENRIQUES

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